A Barra já foi apenas para amantes

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    Alguém uma vez me contou, apontando para longe, do outro lado da rua, enquanto saboreávamos bebidas e petiscos de frutos do mar em uma mesa de grupo em um dos restaurantes e bares rústicos da Barra da Tijuca, Zona Oeste (não confunda com o bairro da Tijuca na Zona Norte, onde se encontra o que resta da Mata Atlántica carioca): "Quando eu era jovem, isso e esses bares eram tudo o que existia na Barra".

    Era noite, mas distinguiam-se motéis onde as pessoas pernoitavam entre os prédios modestos. Ela continuou: "A Barra era um lugar remoto. Se um jovem casal decidisse fazer sexo, esses eram os únicos motéis disponíveis em toda a cidade e quase ninguém tinha carro naquela época".

    É claro que essas não foram exatamente as palavras dela, mas é disso que me lembro daquela noite agradável quando era adolescente. Naquela época, a Barra ainda era um pouco distante, mas dois prédios altos na orla se destacavam dos demais prédios baixos deste bairro.

    Alguns anos depois, quando voltei a este ponto da praia da Barra, havia muitos prédios da mesma altura. Os mais antigos ainda estavam de pé e só consegui reconhecer este lugar pela sua forma.

    No segundo grau, o professor de geografia disse-nos que as espécies nativas da Barra eram apenas mangue alertando que o calor poderia tornar-se insuportável porque aqueles edifícios altos impediriam a circulação do vento. Ele já se preocupava com o seu crescimento.

    E já havia o shopping center. Quando eu era criança, a Barra era sinônimo de duas coisas: ir à praia e me divertir no shopping. A inauguração do segundo shopping center do Rio de Janeiro, o primeiro foi o Rio Sul, em Botafogo, ambos ainda abertos, gerou um engarrafamento de quilômetros de extensão, com pessoas vindas dos mais diversos bairros do Rio, que ainda não tinham nenhum centro comercial e as suas enormes liquidações no início do ano o também o repetiram nos anos seguintes.